Quem disse que a PcD não pode?
Começo esse tópico com a seguinte pergunta: porque muitas pessoas, em pleno século XXI, ainda falam e acreditam que as PcDs são incapazes de trabalhar ou de viver em sociedade e de ter uma família?
Em geral, as pessoas sem deficiência nunca viveram um dia sequer como PcD. Se isso acontecesse, com certeza o modo de tratar as PcDs seria diferente. Mas, para isso acontecer, as pessoas precisam conhecer dicas para seguir sua vida sabendo lidar com as pessoas com deficiência, sem desrespeito.
Como as pessoas se referem às PcDs
O correto é utilizar o termo “pessoa com deficiência” ou somente sigla PcD para as deficiências física, auditiva, visual ou intelectual,
no lugar de “portador de deficiência”, “pessoa com necessidades especiais” ou “portador de necessidades especiais”;
Os termos ”cego” e “surdo” podem ser utilizados, porém seu uso não é muito comum;
Nunca se deve utilizar termos que possam diminuir as PcDs, como: “aleijado”, “inválido”, “caolho”, “excepcional”, “retardado”, “incapaz”, “defeituoso”, dentre outros termos.
Vamos entender um pouco cada tipo de PcD:
Pessoas com Deficiência Física
PcD Física não é somente cadeirante. Existem outros casos de PcDs Físicas, mas que conseguem andar, por exemplo: PcD Física que possui Tetraparesia - são PcDs que têm Perda Parcial de Movimentos dos Membros Inferiores e Superiores, dentre outros termos existentes na Medicina. Porém, é importante perceber que para uma PcD cadeirante é muito incômodo ficar olhando para cima por muito tempo quando está conversando com alguém. Tente sentar e conversar com a PcD que seja cadeirante, para ela não se sentir desconfortável.
A cadeira de rodas, a bengala e a muleta são acessórios que fazem parte do espaço corporal da PcD Física. No entanto, existem PcDs Físicas que não precisam utilizar nenhum desses itens acima relacionados, mas ainda sim são PcDs Físicas. A maioria das pessoas sem deficiência acha que PcDs Físicas são somente cadeirantes por causa do emblema usado nas placas e nos adesivos de um cadeirante.
Se a PcD precisar que alguém a empurre, faça-o com cuidado, é preciso prestar atenção para não bater naqueles que caminham à frente ou bater as pernas da PcD em algo que possa machucar. E se, por acaso, alguém parar para conversar com a pessoa que está empurrando cadeira de rodas, é sempre bom virar a cadeira de frente, para que a PcD também participe da conversa.
Manter as muletas e/ou bengalas próximas à PcD e sem fazer nenhum tipo de brincadeira, é muito bom. Se você achar que a PcD está em dificuldades, ofereça ajuda; e, se a mesma aceitar sua ajuda, pergunte como deve proceder ao invés de levá-la de qualquer modo. Cada PcD tem sua técnica para subir escadas ou rampas, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode mais atrapalhar do que auxiliar. Perguntar como se deve agir não faz mal nenhum. E também não se ofenda se a PcD recusar a ajuda.
Não precisa se acanhar em usar termos como “andar” e “correr”, claro que sem ironizar, pois a maioria das PcDs Física sabe lidar naturalmente com essas palavras.
Pessoas com Deficiência Visual
As PcDs Visuais nem sempre precisam de ajuda. Não é porque as PcDs Visuais têm cegueiras “parcial” ou “total” que elas precisam de ajuda para se locomover ou ir a algum local, ou até mesmo para ser independentes. Se, por acaso, você encontrar alguém nessas situações citadas acima, pergunte se precisa de auxílio ou ajuda.
Caso as PcDs aceitem sua ajuda como guia, não vá pegando no braço de qualquer jeito, sem saber o modo correto; coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado. As PcDs irão acompanhar o movimento do seu corpo enquanto estiver andando. Se estiverem em um corredor estreito, por onde só passa uma pessoa de cada vez, coloque o seu braço para trás, de modo que a PcD Visual possa continuar seguindo você.
Se a PcD não tiver uma bengala para ir sinalizando onde pisa, é importante avisar, antecipadamente, sobre a existência de degraus, pisos escorregadios, buracos e obstáculos (como por exemplo postes) durante todo trajeto.
A maioria das PcDs Visuais tem uma audição melhor do que o normal, a não ser que tenham, também, uma deficiência auditiva que justifique isso; então não faz nenhum sentido gritar, você pode falar em um tom de voz normal.
Não se deve brincar nem com a PcD Visual e nem com o cão-guia, pois o cão tem a responsabilidade de guiar o dono que não enxerga e não deve ser distraído.
As PcDs Visuais são como pessoas normais, só não enxergam, ou seja, têm uma limitação. Nem por isso é preciso tratá-las com indiferença. É sempre bom ter respeito e consideração. Nas vidas social e profissional essas PcDs não devem ser excluídas das atividades do dia-a-dia, pois talvez possam fazer algumas dessas atividades melhor do que uma pessoa sem deficiência. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.
Pessoas com Deficiência Auditiva
As PcDs Auditivas muitas vezes não falam porque não aprenderam a falar, porém a maioria das PcDs Auditivas sabe fazer a leitura labial.
Quando for conversar com PcDs Auditivas fique de frente para elas e fale devagar, pois assim há a possibilidade da mesma fazer a leitura labial; e evite ao máximo fazer gestos bruscos ou segurar objetos em frente à boca.
É interessante também não ficar contra a luz, e sim num lugar iluminado, para que as PcDs consigam enxergar melhor. E, enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual, pois, se você desviar o olhar, a PcD Auditiva pode achar que acabou a conversa.
A maioria das PcDs Auditivas não tem uma boa dicção. Caso tenha dificuldade para compreender o que a PcD está falando, há duas opções: 1) peça para que repita a fala ou 2) peça para que escreva em um papel. A maioria das PcDs não se incomoda em repetir quantas vezes for preciso, ou então em escrever. O mais importante é se comunicar de uma forma ou de outra, para elas se sentirem mais incluídas.
Porém, se as PcDs Auditivas não conseguirem entender sua fala ou não souberem escrever, as pessoas sem deficiência têm ainda mais duas opções: 1) falar em Libras ou 2) falar com a intérprete (e a mesma repassar o recado em Libras para as PcDs).
Pessoas com Deficiência Intelectual
As PcDs Intelectuais devem ser tratadas normalmente por qualquer tipo de pessoa, independente se forem crianças, adolescentes ou adultas. Tratamento com respeito e consideração é o mínimo que devem receber de pessoas sem deficiência.
Não é porque ela seja PcD Intelectual que ela não terá sentimentos, tem sim. Então cumprimente-a na chegada e se despeça na saída, como faria com qualquer pessoa.
Se as pessoas sem deficiência derem atenção, carinho e ainda conversarem com PcDs Intelectuais, podem ter certeza de que será algo bem agradável e divertido. Portanto, seja natural.
Não trate PcDs Intelectuais como “retardadas”, ou pense – como a grande maioria das pessoas - que essas PcDs “não raciocinam”. Também não as superproteja, isso só irá causar a dependência de ter alguém por perto; e quando esse “alguém” não estiver mais ao lado dessa PcD Intelectual, ela não saberá mais o que fazer ou aonde ir. Portanto, deixe que ela faça ou tente fazer o que quiser sozinha.
Ajude apenas quando for realmente necessário, e quando não ela tiver como fazer sozinha o que deseja.
Tudo bem que as PcDs Intelectuais demoram um tempo maior para aprender, mas elas podem adquirir muitas habilidades que talvez as pessoas sem deficiência não consigam.