Reter ou cumprir cota?
Retenção de PcDs nas empresas
Primeiro de tudo que as empresas têm que ter em mente é: PcDs são pessoas com algum tipo de limitação, mas as pessoas consideradas “normais” também tem limitações, só não são classificadas como PcDs.
Verifica-se a cada dia a dificuldade de muitas empresas em reter profissional PcD (Pessoa com Deficiência) em seu quadro, pois não basta somente contratar PcD para “cumprir cota”. A empresa tem que saber da importância que é colocar PcD no meio corporativo, bem como entender que este ato torna a sociedade mais consciente à questões sensíveis de inclusão.
Há muitos relatos de problemas enfrentados por profissionais PcDs nas empresas, em sua grande maioria por questões de relacionamento interpessoal. Frases como “essa PcD não conseguirá”, “essa PcD não dará conta do serviço” dentre tantos outros dizeres por aí são ouvidos nos corredores e cafezinhos.
As empresas interessadas criar a retenção de PcDs, precisam estar dispostas a escutarem as pessoas que apresentam tais limitações. Uma excelente iniciativa é o convite destas PcDs para conhecerem as empresas, gerando grupos de visitas quando possível, permitindo a interação com profissionais sem limitações, permitindo assim esclarecimento de dúvidas e questões de todos os envolvidos.
O grande desafio de tal ação é quebrar a barreira que há entre estes profissionais em um momento que aumenta a possibilidade de profissionais PcDs avançarem nos estudos, aprimorando conhecimento e empregabilidade.
Talvez seja por essa evolução educacional e profissional que passam as PcDs que estão fazendo com que as empresas vejam os profissionais como potenciais talentos e não os contrate apenar por “cota”, gerando um benefício duplo para as empresas.
Dentro das empresas
Quando falamos de uma empresa que tem em seus quadros PcDs é muito importante que possam conversar abertamente e colocar a seguinte questão para ambos os lados: qual a maior facilidade e dificuldade que cada pessoa tem? Uma conversa como essa pode ser reveladora. Ela pode mostrar que talvez a dificuldade de uma pessoa sem deficiência possa ser a facilidade da PcD, e vice versa.
Aos profissionais que não possuem restrições de mobilidade ou outras deficiências fica a sugestão de sempre demonstrar confiança e dar empoderamento ao PcD na empresa (seja para fazer uma atividade simples ou complexa). Pergunte ao PcD se a mesma precisa de ajuda. E se você notar que uma PcD executa bem uma tarefa que você não consiga, não se sinta inferior em requerer ajuda e orientação a quem aparenta fragilidade.
E em como todos os locais é naqueles momentos de pausa corporativa que a interação costuma ser mais prazerosa: na hora do cafezinho, na hora do almoço e principalmente nos convites para as festas ou happy hours.
Vale lembrar que pequenos atos podem produzir grandes mudanças, não importa se realizados por pequenas, médias ou grandes empresas, mas acima de tudo, partindo de cada cidadão.
OBS: texto originalmente publicado para Jornal O Tempo de Belo Horizonte no dia 03/06/17