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Artista plástico ensina técnica de desenho para cegos a partir do tato


Crédito da foto: Marcos Vinicius


André Baía passou uma tarde com deficientes visuais do Instituto Paranaense de Cegos para ensinar a técnica aplicada em sua nova exposição o “desenho de contorno cego”.


Uma arte orgânica, imperfeita e com muita expressividade. É essa a proposta do artista André Baía em sua série de obras com a técnica desenho de contorno cego, que pode ser encontrada em exposição na Galeria Solo, centro de Curitiba. A técnica consiste em o artista observar um objeto ou pessoa e desenhá-lo sem olhar para o papel ou tela antes de iniciar o processo de pintura. Misturando uma linguagem contemporânea com técnicas de pintura clássica. Com o objetivo de compartilhar essa forma de arte com pessoas desprovidas da visão, André Baía realizou uma oficina de arte no Instituto de Cegos do Paraná. Nessa semana comemoração o Dia Nacional do Cego, em 13 de dezembro.


“Conversando com a professora de artes do Instituto, ela comentou que eles não acreditam que o que produzem nas aulas de artes visuais seja de fato arte, por não ser exata, por lhes faltarem a visão. Foi muito gratificante cumprir com a proposta inicial que era passar confiança para eles, para que entendam que o que eles fizeram ali também é arte. Não há certo ou errado na arte. O importante é o processo de criação. A beleza está no fazer”, explica André Baía.


As pinturas com base no desenho de contorno cego, além de terem a intensidade e a personalidade do artista impressa na obra, busca capturar a essência e a aura da pessoa observada. O resultado é uma pintura ­figurativa distorcida, com pinceladas expressivas e bem visceral. Para a oficina com os cegos, a técnica foi adaptada para o tato.


Crédito da foto: Marcos Vinicius


“Eu ensinei a técnica do contorno por meio do tato que exige uma certa sincronia. Enquanto uma mão vai tateando o rosto a outra vai simultaneamente desenhando o que se sente. Então você aproveita o processo e não o resultado final em si. Não é uma técnica fácil, demanda muita energia e concentração. Foi muito bacana passar essa nova forma de arte que possibilita a eles desenharem o mundo como sentem na ponta dos dedos. Essa inclusão abriu um novo horizonte dentro das artes visuais para eles”, conta.


Arte traz confiança, inclusão e autonomia para deficientes visuais

O diretor do Instituto, Enio Rodrigues da Rosa destaca a importância de profissionais compartilharem seus conhecimentos. “Toda atividade artística e cultural é extremamente rica. Para os cegos não seria diferente. O que mais me chamou a atenção na conversa com o André foi essa questão nova para gente relacionada ao processo da arte. Se o resultado final é bonito ou bom é de acordo com a avaliação de cada um, de acordo com a percepção de vida de cada um. Quando elas se apropriam do processo, o mais importante é ter uma ideia e dar conta de desenvolver ela”, avalia positivamente.


Crédito da foto: Marcos Vinicius


A aluna Veranice Ferreira teve contanto com o desenho livre pela primeira vez hoje e ficou feliz com o que experimentou. “Eu venho de um universo tão diferente do que estou vivendo agora, e quando uma pessoa se disponibiliza para doar um pouco do seu tempo eu admiro demais. Me desperta muita alegria participar de algo novo, uma nova vivência, algo que nunca me imaginei fazendo”, diverte-se.


O Instituto Paranaense de Cegos realiza diversas atividades artística como teatro, mostras, mas a professora de artes Juliana Partyka conta que o receio em relação á artes visuais é grande, devido a insegurança do não enxergar. “Buscamos oferecer a autonomia, então visitamos museus e exposições.


Também fazemos o convite para os artistas virem até nós. Todo mundo pode fazer arte, então com isso a pessoa cega ganha autonomia, melhora a autoestima, é sempre positivo ter essa confirmação de profissionais. Por conta da deficiência eles ficam com receio de adotar a arte, e tentamos trazer esse outro lado”, conclui.


O resultado da oficina será mostrado em uma exposição.

Exposição de André Baía em cartaz na galeria Solo


Crédito da foto: Marcos Vinicius


André Baía é o artista convidado da exposição de estreia da Galeria Solo, espaço dentro do restaurante Sale Pepe, no centro que acabou de ser inaugurado. A galeria terá exposição permanente do consagrado artista plástico Luiz de Souza, sempre com artistas convidados.


André dedica o seu trabalho ao estudo da figura humana e a sua representação artística. Suas obras exploram a anatomia de uma maneira dinâmica. Retrata a natureza humana e todas suas expressões, sentimentos e emoções com tato e delicadeza. Busca, em cada nova tela, quebrar paradigmas sociais formais, e aborda, de forma sutil e criativa, temas bastante complexos. Sua autenticidade e a criatividade de suas obras vêm chamando a atenção no meio artístico. André já está com exposições marcadas fora do Brasil em 2020.


Na série exposta na Galeria Solo, André mostra sua arte por meio da técnica do desenho de contorno cego, trazendo um novo olhar para o retrato. “Em um malabarismo de emoções, com traços soltos e descontraídos busco nas minhas obras a percepção de uma experiência autêntica e original. Gosto de pôr em xeque o mito da perfeição e da pureza, que no fundo não existe. Acredito que abraçar o erro nos deixa mais humanos, é isso que nos da personalidade”, explica.


É essa ausência do correto e a provocação do imperfeito que marca a exposição de André Baía, que fica em cartaz até fevereiro de 2020 na Galeria Solo (Rua XV de Novembro, 818, anexo ao restaurante Sale Pepe).


Colaboração de Rafaella Malucelli

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